13 dezembro 2011

A Pele Que Habito (La Piel que Habito, 2011) ****




Um filme à parte do que já conhecemos sobre Almodóvar. Habitou em outra pele, realmente. Ou melhor, despiu-se dela totalmente deixando o que tem de mais cru (pra não dizer rude) aflorar. Uma viagem sexual. Óbvia esta observação uma vez que tudo nele sempre girou dentro deste universo. Um título muito bonito que me levou a imaginar algo na linha de ’Fale Com Ela’ mas a metamorfose aconteceu. Uma trama de casos, filhos, sexo, traição, mortes e poucas cores dessa vez. O matiz predominante foi o peso de tonalidades escuras e de situações “hardcore” com piadas de humor enferrujado. No início risadas entusiasmadas que aos poucos foram tomando formas e sonoridades disformes até o ponto de um silêncio quase sepulcral em determinados momentos. Um mix de questionamentos e levantamentos que vão da bioética, do criminoso regresso da Bahia, da homenagem à música brasileira ao amor mórbido e cruel. Se a intenção era chocar, foi efetivo. Se a intenção era divertir, foi intempestivo. Se a intenção era inovar, foi agressivo. É um bom filme, mas fica entre os pesos pesados franceses (que, diga-se de passagem, já vi muitos de sair do cinema atordoado) e suas próprias películas com seu humor rasgado e regado a cores quentes. A meu ver, demonstra sinais da inexorável, nua e crua velhice.  Vale a pena sempre nosso querido Almodóvar mesmo sob a pele de um jurássico crocodilo! Assistam e degustem!

Obs.: São resenhas conceituais! Degusta lá!
Classificação (sujeita a alterações):
    *        encare se for capaz.  [cara, tá foda!]
   * *       então tá...  [oops...]
  * * *      se rolar, valeu!  [passatempo...]
 * * * *     vale a pena!  [massa, sô!]
* * * * *    corra e não perca!  [du caralho!]
( * ) estrelas entre parênteses, favor acrescentar: 
      "e tá de bom tamanho!"

2 comentários:

  1. Achei pesado o filme e que grata coincidência nos encontrarmos no cinema!!! Acho que a intenção dele foi chocar. Na maioria dos filmes dele vejo algumas recorrências: as mulheres fortes, os homens fracos e fúteis, os gays sensíveis. No Carne Crua, por exemplo, todos os homens que aparecem são completos imbecis, mas aparecem pouco. É um filme centrado nas mulheres. Esse é centrado em nós, homens. E acaba conosco. Acho que poucas vezes vi um personagem tão degradado e degradante quanto esse do Banderas. Abração!

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  2. Completando: nos outros filmes dele, a leveza está sempre na força maternal da mulher e na sensibilidade dos gays. Nesse... essas personagens pouco aparecem! Resta o mundo cru e vil dos homens...

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