(para rafael direto do submundo)
Em meio a cervejas, bundas e suas próprias nádegas (que o incomodavam),
passava os olhos analisando o ambiente em camadas desde o fundo à mesa mais aproximada.
Estava um pouco magro ultimamente e cadeira de boteco - sempre madeira - não
combina com bundas magras. Nada encontrou naquele momento, nenhuma presa a ser
devorada. Volta a concentrar-se na batalha final à moda romana. Até então nada
de sangue. Muito estudo de ambas as partes quando do nada surge um ataque
fulminante pela direita - um lance rápido, numa lapada. Golpe no rim e em seqüência
um soco certeiro no rosto do adversário de pele branca quase amarelada. Agora
sim a luta tornara-se interessante. Mais ainda pelo corte no supercílio e
daquele escorrido numa cor quase vinho, pouco avermelhada.
O fluido vital lhe cativava...
Não tinha relação alguma com gosto pela violência ou traumas passados.
Era algo que lhe excitava de maneira diferenciada. Gostava de cores quentes em
tudo, até o vermelho arrebol em uma tarde ensolarada.
Sangue esvaindo, luta acirrada quando um corpo esbelto, moldado pela
camisa do seu time que, diga-se de passagem, também possuía a sua cor amada,
adentra o coliseu repleto de massa humana agora distraída pela gostosa rebolada.
Seu rosto ruborizado, de imediato, imagina possuí-la. Mistura de carnes, sexo
animal, selvagem como uma presa que acabou de ser caçada. No momento certo
aborda a vítima e resumindo todo o processo sigamos direto e reto à sala do apartamento
e à insólita trepada.
Tudo excelente. Despem-se velozes numa energia agitada e como um
vampiro experiente, no ventre, mete a boca escancarada. Leva um susto.
- Preciso dizer-lhe: acho que estás menstruada!
- Como?! Não estou não!
- Mas tem sangue na minha cara lavada!
Olha pro lado, corre, procura o espelho da sala que por coincidência
tinha uma moldura bordô meio enferrujada.
- Meu Deus! Vem de mim, do meu nariz, provavelmente de uma artéria
estourada!
Até então nunca havia visto seu próprio sangue, brocha feliz, rapidamente
veste-se e volta pra casa. Foi curtir seu nariz - sua nova obsessão - que lhe
proporcionara a sua cor mais desejada.
Em meio a cervejas e bundas o nariz agora lhe cativava...
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