14 fevereiro 2012

supernova














será que é um avião
ou será que é uma estrela?
tenho um céu que cabe em minhas mãos
e dois olhos sem vê-la.

será que é uma luz
ou uma divina centelha?
tenho um céu que minha vida conduz
e da luz,
escuridão que me espelha.

eram aviões sim
no céu a navegar.
eram sim,
estrelas a me consolar.
eram nuvens esparsas e palmeiras a movimentar.
eram sim,
aviões a pousar
trazendo pedaços de velas de um céu distante;
queria estar lá.

aviões a levitar
me levem contigo à estação lunar.
lá arrumo um abrigo
e de longe consigo ver a terra girar.

horizonte luminoso
parece a luz da terra aceitar.
e aquela pontinha no fundo, o que será?
me intriga, pois pisca incessantemente, sem parar.

aos poucos se vai como um avião.
sons, ruídos, turbilhão...

engano.

é uma estrela que sai de sua própria constelação.
despede-se de mim,
de tudo que foi no céu
pra morrer na imensidão.

e então?
o que fazer agora sem minha luz na terra?
viverei em vão...


esperarei no céu uma guerra
e a verdadeira explosão.
buraco negro
vazio de sólido que tudo chupa
que engole vorazmente
sem quê nem porquê,
sem noção.
de lá sairá uma nova,
ou melhor, supernova
adensando paz ao meu coração.

quer voltar ao que quer ser,
diferentemente comum
mais um na multidão.

será que é um avião
ou será que é um desejo?
silêncio de noite,
aeroporto,
partida sem sair;
voar sem querosene nas mãos.

vento frio a subir,
pés descalços no chão.

momentos felizes,
infantis,
pequenos,
e verdadeiros
de intensa emoção.

será que é um avião?   será?!


3 comentários:

  1. Isso dá uma música floydiana da melhor qualidade...

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  2. Caro Amado, quanto tempo! Concordo com você. Realmente uma verdadeira viagem... Abração!

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  3. ...naquele tempo em que o aeroporto de brasília tinha uma plataforma aberta de contemplação da noite, dos aviões, da chegada, da ida e do cheiro de querosene que enebriava a alma impulsionando-a a partir...

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